Em uma pequena vila escondida entre montanhas, vivia um relojoeiro chamado Elias.
Todos os dias ele acordava ao som dos sinos da igreja e abria sua loja pontualmente às oito.
Seus relógios eram famosos não só pelo som harmonioso, mas pela precisão impecável.
Crianças passavam e ficavam hipnotizadas pelas engrenagens girando nas vitrines.
Elias adorava explicar o funcionamento de cada peça a quem se interessasse.
Ele acreditava que o tempo, se bem cuidado, podia ser um aliado e não um inimigo.
Mesmo os moradores mais apressados paravam por alguns minutos para conversar com ele.
À noite, a loja se iluminava com uma luz amarelada, acolhedora como um lar.
Era nesse momento que Elias escrevia cartas para sua filha, que morava longe.
Ele descrevia os dias, os clientes, os sorrisos e os relógios consertados.
Certa noite, no entanto, ele não apareceu para fechar a loja.
Preocupados, os vizinhos o procuraram e encontraram-no dormindo na poltrona.
Na mão, segurava um relógio quebrado e uma carta inacabada.
No silêncio, ouviram o tic-tac leve do último relógio que ele havia arrumado.
A vila inteira sentiu sua ausência como se o tempo tivesse parado.
Fizeram uma homenagem e mantiveram a loja aberta como um pequeno museu.
Os visitantes vinham de longe para ver os relógios e ouvir suas histórias.
As crianças ainda encostavam os narizes no vidro, encantadas.
E no centro da loja, o relógio que Elias mais amava seguia marcando as horas.
Nunca atrasava. Como se dissesse: Elias ainda está aqui, medindo o tempo com carinho.